Caminhada


"Rachados às pedras, doem meus pés
Conclamando-me aos nadas cedentes
Supoem-lhos, alhures, aqui o viés
Tempo de estrada às curvas poentes.
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Tivessem olhos, meus pés chorariam
Fogo e sangue e lágrimas copiosas
Então aliviados, eles repousariam
Mesmos ares jardins; mesmas rosas.
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Mas meus pés são toda fome e sede
De escalar muro, montanha e parede
Eles sabem: Nasceram para sangrar...
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A dor é imensa; não há sofrimento
Entrança vida e lida, oceano e vento
Em terra firme, o amanhã é navegar."