
Onde suaves nuvens iludem em carícias que,
Quase sempre, se abrem em largos sorrisos
Além das profundas águas do Parnaíba.
.
O relógio das aves converge à percuciência
A água molha um alhures quase incógnito
E o ar desafia os termômetros imberbes
Onde o chão próximo não tem folhas
Que se vertam aos lados; não há vento.
.
As aves de ébano pontuam o belo céu azul
Elas podem voar e não sabem disso.
O instinto as move e a falta de consciência
Afasta-as, além do sobreviver, do medo
Das grandes quedas e pulos sem retorno.
.
Outrora, num dia que girava ao pino do sol,
Havia, numa calçada, uma delas, caída.
E, morta, era recolhida e tinha atenção
E ninguém mais podia ou queria salvá-la.
.
Olhando-a de perto... Ela morreu sem sorrir
Posto que não conseguia compreender,
Que além dos riscos imensuráveis e súbitos,
Há toda uma magnitude no viver e voar.