
Nas águas profundas, suaves, revoltas
No barco que, em posto, imposto
Caminha sem possibilidade de retorno.
Margens que margeiam as margens
Realidades imberbes nas miragens
Óbvias dos eufemismos sem adorno.
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Nas águas do rio profundo
O mergulho é inevitável e certo
Som que atravessa em silvo deserto
Paradoxo: o medo não mergulhará
Pois anterior ao mergulho, arrulho
Na margem, passado, ficará.
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A ave mergulhada não é a mesma
Que mergulhou e o ente objetivo
Contrariamente ao está no ser vivo
Não possui a mínima sensação, inerme...
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É esse antes, pelo advir do depois.
Nas águas do rio profundo
Alfabeto riquíssimo e não rotundo
O tempo-espaço do ente transmuda
E biparte(m)-se, presente ir, dois.