
Coração que descansa entre as pulsações
Dois olhos para ver, uma boca para falar...
O silêncio, de fato, é tão só aparente.
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Não se tenha medo, por outrem, da solidão
É a solidão que dimensiona o ente em si
E, daqui, sem pressão ou opressão
Ao outro se pode, de fato, amar e buscar
Penetrar, morder, ser invasivo; sem invadir.
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Adormecidas, mas pulsantes, latentes
É a deliciosa solidão da imergência
Não angústia que atormenta
Que leva a realidade à ilusão. Ingerência.
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A solidão é o silêncio que se deixa e deixa
Captar nos e os mais inaudíveis sons
Nas e as mais impressionantes freqüências
Nos e os mais surpreendentes tons
Para se imergir... Sentir abrangências.
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No aparente silêncio, adormecidas
Deserto onde a água corre com fluidez
Não é o mesmo que vazio de nada e timidez.
O ente não é mudo; tem voz que halo. Calo.
Não há medo. Há muito porvir além do vazio
Sentir-se, em detalhes, delicioso desafio.
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Conhecimento lúcido que se perpassa
Que se pode supera, enquanto abraça
Na solidão se pode buscar o outro um.
A presença imatura e opressora
É conexa à tortura dilaceradora
Do ser sem si, sem ninguém
Sem paz, ausente... De lugar nenhum.